sábado, 27 de novembro de 2010

Porque o vinho é tão caro no Brasil?


Uma das perguntas que mais ouço é - Porque o vinho é tão caro no Brasil? - Porque vinhos nos restaurantes são tão mais caros do que nas lojas?

Muitos amigos e hóspedes estrangeiros fazem essa pergunta quase diariamente. Alguns hóspedes já me disseram que nos Estados Unidos, se paga cerca de U$18, mais ou menos R$ 30 por uma garrafa de Terrazas Reserva Malbec. No Pão de Açúcar o mesmo vinho não sai por menos de R$ 64,90.
Costumo responder que não só o vinho é mais caro no Brasil, mas como quase tudo. Enquanto não houver uma reforma tributária e trabalhista, estaremos vivendo em um dos países de maior custo de vida do mundo. Mas o problema não é só esse, temos um problema cultural em relação ao vinho. O vinho ainda é considerado uma bebida de burguês, difícil de se comprar e entender.
O ideal seria que o custo do vinho baixasse, para que mais pessoas tivessem acesso de compra-los e aí sim criaríamos uma cultura de vinhos no Brasil que hoje não existe.

Há no entanto uma coisa que o Brasil poderia fazer a curto prazo. Nos Estados Unidos, na Argentina, no Chile e na Europa o vinho é tributado como alimento, já que a matéria prima vem do sumo da uva. No Brasil é tributado como bebida alcoólica elevando muito o preço final do vinho para o consumidor final. Não sou economista, mas se o Brasil classificasse o imposto de vinhos como alimentos poderíamos ter uma redução do preço final de pelo menos 20% dos vinhos nacionais e importados. Já seria uma grande festa para os amantes do vinho. Uma bebida que poderia e deveria ser para todos, mas na realidade no Brasil é que poucos podem comprar uma boa garrafa de vinho.
Para se ter uma idéia, um restaurante que compra um vinho de uma importadora ao custo de R$50,00, paga 11,8% de Substituição Tributária (R$5,90), PIS/COFINS sendo respectivamente 1.65% ( R$0,82) e 7.6% ( R$ 3,80) e mais 3,2% de ICMS no valor da venda. Se esse mesmo restaurante vende o vinho a R$70,00, o proprietário pagará R$ 12,76 de impostos, tendo lucro de mísseros R$ 7,24. E hoje restaurantes, empórios e bares são um grande negócio.

É preciso repensar e que os empresários de vinícolas brasileiras se unam para tentar mudar esse quadro no Brasil.


Vinho para todos!


Saúde!


3 comentários:

  1. Parabéns pela abordagem sucinta e correta.

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  2. Concordo com o comentário e gostaria de acrescentar algo mais para corroborar o tão bem dito acima: O governo, ainda no militarismo e com a inflação galopante, incrementava sempre uma nova maneira de conseguir dinheiro do povo e, cada novo presidente criava um imposto novo, sem acabar com o anterior, claro. O imposto sobre combustível, sobre o cigarro e bebida alcóolica foi um legado de um dos nossos brilhantes presidentes e, por incrível que pareça, persiste até hoje. Resultado: nossos impostos são "imexíveis", o que acaba sobrecarregando nossos produtos, principalmente nossos vinhos que, no exterior sai mais barato que no Brasil. Temos vinhos ótimos produzidos aqui, tais como: Lote 43, RAR da Miolo-RS; Joaquim-SC e outros que são quase inacessíveis pelos seus valores, uma vez que chegam vinhos de outros países com valores bem abaixo que os nossos numa concorrência desleal até, pois não sofrem tributação de IPI como os daqui. O lado bom é que conhecemos vinhos bons de vários países que vêm em busca do mercado brasileiro que está num momento ótimo e em amplo crescimento. Cae

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  3. Parabéns Pera! Achei o post super relevante. Achei fantástico quando disse que no Brasil o consumido é proveniente da burguesia. Concordo totalmente! Precisamos desmetificar que o vinho é uma bebida cara e de poucos, mas para isso deve haver uma revisão dos impostos incididos sobre os vinhos...se assim não for, o consumo no Brasil continuará muito distante dos padrões europeus, o que acho uma pena. O vinho tem que fazer parte da nossa cultura!:) Beijos, Rafaela Figueiredo

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