sábado, 22 de maio de 2010

Dica de vinho bom e barato

Comprei no Pão de Açucar em promoção o Santa Carolina Reserva Pinot Noir 2008 à R$ 29,90. Com certeza vale a pena. Bom custo/prazer. Um vinho que representa muito bem os novos e bons Pinots do Maule no Chile. Muita fruta, boa acidez e muito equilibrado. Correto. Bom nesse friozinho de outono com um queijo duro neutro como Gouda, Gruyére ou Cabra e até um Grana Padanno. Pelo fato de não ser um vinho tânico, não briga com o salgado do Grana e ainda equilibra pela sua acidez. Os de cabra duros tem acidez média assim como esse Pinot. Um vinho versátil para queijos. Melhor ainda na companhia de sua bela dama. Elas adoram Pinot Noir! Consuma entre 12 à 14 graus. Se você não tiver adega, resfrie por 20 minutos na porta da sua geladeira ou 10 minutos num balde com gelo e água e sirva.

Beba vinho e viva mais!

Saúde






quinta-feira, 13 de maio de 2010

Visita a Serra Gaúcha

Em Dezembro de 2009 fui convidado por meu gerente a passar 3 dias na Serra Gaúcha. Claro que aceitei na hora. Fui a trabalho, em uma quarta feira. Passei a primeira noite em Porto Alegre e no dia seguinte bem cedo peguei um carro alugado e fui para Bento Gonçalves. Não conhecia absolutamente nada do Rio Grande do Sul e fui acompanhado apenas pelo GPS. Fiz um planejamento das vinícolas que pretendia conhecer, mas não tive tempo de agendar em todas. Como ainda não conhecia a região, fui sem saber o que esperar de Bento. A pousada já estava fechada, então comecei por lá. Levei alguns guias, uma coleção dos Vinhos do Mundo da Veja e um livro sobre o Brasil, onde encontrei vários contatos e endereços de vinícolas que me salvaram! Em três dias visitei 15 vinícolas e degustei mais de 75 vinhos.
Para quem não conhece, recomendo. É uma região belíssima, maravilhosa e a viagem é sensacional, principalmente para quem gosta de vinhos.


Primeiro Dia:

Tracei um pequeno roteiro. Sai de POA quinta feira às nove da manhã e antes de chegar a Bento parei na Chandon em Garibaldi. Lá fui recebido pelo enólogo Claudio Cattani que me recebeu maravilhosamente bem, me mostrou toda a vinícola e deu uma aula de vinificação de espumante. O melhor momento foi degustar um Chandon Passion direto do tanque com apenas 10 dias de fermentação.
Claudio Cattani - Enólogo Chandon

Sai da Chandon e fui conhecer a tradicional Garibaldi. Provei um espumante Moscatel interessante, despretensioso, mas correto e surpreendente. É o carro chefe e vinho emblemático da casa.

Cheguei a Bento, larguei as coisas na Pousada e fui correndo para a Casa Valduga aonde o simpático e jovem enólogo Lucas fez as honras da casa como anfitrião. Outra aula de vinificação. Conheci os vinhedos e degustei vários vinhos da casa dos que eu não conhecia. Fiquei impressionado ao degustar o Casa Valduga Gran Reserva Extra Brut 2002. O espumante estava maravilhoso, muito complexo e com notas de mel, nozes e amêndoas. O Casa Valduga Licoroso Tinto Doce, um vinho de estilo do Porto é realmente brilhante. 24 meses de barricas de carvalho francês de um corte de Cabernet e Merlot. Outro destaque foi o Gran Reserva Chardonnay, apesar de muita madeira, gostei muito. A vinícola é bélissima e sua cave bastante imponente.



Segundo dia:

Acordei cedo e fui para a pequena região dos vinhos de Montanha, em Pinto Bandeira, aproximadamente 20km de Bento. Fui a Cave Amadeu, dos vinhos Cave Geisse, que em minha opinião, é o melhor espumante brasileiro. Fui recebido pela enóloga Vanessa que me mostrou todo o vinhedo, a poda em verde e uma maravilhosa degustação de Geisse. Gostei muito do Brut, Nature Terroir e Rosé. A vinícola é pequena e artesanal e foi legal ver a diferença deles com a Chandon. É gritante. Só para se ter uma idéia, eles fazem o degourgement manualmente! O mirante para os vinhedos e a casa de hóspedes onde degustamos os vinhos é espetacular!


Vanessa - Enóloga Cave Geisse

Sai de lá e fui direto a vizinha Don Giovanni. Gostei dos espumantes Don Giovanni Brut Metódo Champenoise e Nature e dos varietais Chardonnay e Merlot.
A sala de degustação e loja de varejo são muito charmosas, de estilo medieval, com uma cave de pedra e eles também tem uma pousada própria. Passei horas ali degustando e batendo papo com um dos enólogos.

Bem próximo, esbarrei por acaso com a Valmarino (que me perdoe o competente enólogo e engenheiro agrônomo Marco Antonio Salton), mas não conhecia. Fui recebido pelo Marco que é da família Salton e descendeu o negócio do pai, fundador da vinícola, Sr. Orval Salton. Conheci os vinhedos, a cantina e degustei bons vinhos. Gostei muito no Cabernet Franc X provenientes de parreiras de até 35 anos. Vinho de verdade, artesanal e de garagem. Surpreendi-me muito também com o Reserva da Família, um corte de Cabernet, Cabernet Franc, Merlot e Tannat. Vinhaço! O espumante Brut método champenoise também é de alto nível. Os rótulos são modernos e muito bonitos. Marco, não deixe de produzir essa jóia de Cabernet Franc!

Vinhos degustados na Valmarino

Sai de Pinto Bandeira e em direção a Farroupilha, acho que mais uns 20 km dali. Parei na Vinícola Irmãos Basso do vinho Monte Pascoal, plantado na Encruzilhada e elaborado ali. Fui porque trabalhava com o Monte Pascoal no Hotel, era o nosso vinho de eventos. Lá eles produzem muito vinho de mesa e os tanques da vinícola são imensos e impressionantes. O Monte Pascoal Merlot foi o melhor que degustei, porém comparado a outros brasileiros degustados deixa um pouco a desejar.

Já eram 5 da tarde e eu sabia que a maioria das vinícolas estariam fechadas. Fui correndo para a Perini, também em Farroupilha. Encontrei com o enólogo Leandro Santini que apesar de estar correndo com muito trabalho para a preparação da reforma da cantina para a próxima colheita atendeu meus apelos e conheci rapidamente a vinícola antes famosa pelo vinho de garrafão Jota Pe. Eles estão produzindo uma grande quantidade de varietais, a vinícola também é de grande porte já que o Jota Pe é um dos vinhos de mesa mais vendidos do Rio Grande do Sul. Gostei do Ancelotta, Marselan, um clone de origem francesa das uvas Cabernet Sauvignon e Grenache Preto. Acho que a vinícola grande potencial de crescimento.
Obrigado pela paciência Leandro!

Terceiro dia:

No último dia, sábado, cheguei ao primeiro horário de visitação da Salton. A vinícola é enorme na nova sede em Tuyuti. Visitamos o engarrafamento e os tanques de fermentação. Descobri que a capacidade de produção é de impressionantes 12.000 garrafas/hora. Na melhor parte, quando iria conhecer as caves, decepção. Acabou a energia e fomos impedidos de entrar. A degustação (gratuita) foi simples e resolvi não perder muito tempo já que conhecia os ícones Talento e Desejo. Sai de lá e fui para o Vale dos Vinhedos.

Parei na Don Cândido e assim que cheguei vi um senhor sentado no banco na porta da loja de varejo e adivinhe quem era? O próprio Don Cândido. Ganhei meu dia. Apresentei-me e ele me levou prontamente orgulhoso para conhecer as parreiras de Cabernet Sauvignon. Tivemos uma longa e agradável prosa. Degustei o bom Malbec, o Don Candido Gran Reserva Cabernet 2005 e o diferente e divertido 4 Geração Marselan.

Don Candido Valduga


Logo ao lado parei na Marco Luigi do competente enólogo Leonardo Luigi. A vinícola é muito bonita, rústica e charmosa. Gostei do Marco Luigi Malbec. O Merlot também é bem feito e o Gran Reserva da Família Cabernet é vinhão, ou seja, vinho de verdade, com personalidade, tipicidade e intuição do enólogo. Não é um vinho comercial frutadinho para agradar a maioria do consumidor.

Depois da Marco Luigi fui a famosa Miolo. Fiz o tour guiado com degustação. Parecia um parque da Disney, vários ônibus no enorme estacionamento, fila para entrar e comprar ingresso. Tudo bem profissional. Conheci o famoso Lote 43, muito bonito por sinal ao lado do hotel da vinícola. Fiz o pacote de degustação Premium que incluía o Miolo Terroir 2008. Eram 5 vinhos, foram servidos 4 e.... Cadê o Terroir? Acabou a degustação e não serviram! Chamei o enólogo de canto e cobrei! Cadê o Terroir? – Hã, a tá, um momento que já vou te servir. O vinho, ícone da vinícola é muito bem feito e senti orgulho dos vinhos brasileiros.

A minha corrida das vinícolas continuou. Agora fui para a Don Laurindo, um vinho que gosto bastante. A vinícola também é bem pequena e charmosa. Gostei do Malbec, Merlot e Cabernet. Bem feitos!

Bem próximo dali está instalado a Millantino. Tive o prazer de conhecer o Luis Millan, enólogo e proprietário da vinícola. Uma figura super simpática e ótimo anfitrião. Eles produzem uma grande linha de vinhos varietais. Gostei do Ancellota.
Luis Millan - Enólogo e proprietário Millantino


Sai de lá quase 5 da tarde. Nisso passei em frente a Vallontano e não resisti, tive que tentar mais um, ainda bem que abriram uma exceção!
Minha visita foi logo após aquela semana onde grandes temporais e castigaram o sul e fui informado na Vallontano que provavelmente toda a colheita de 2010 teria sido perdida. Foi uma pena. Eles iram tentar salvar alguma coisa, mas achavam muito difícil conseguir produzir um vinho fino dos padrões da vinícola. Talvez a uva seja vendida a vinícolas menores, e serão engarrafados sem o nome da Vallontano. Particularmente gosto muito dos vinhos da Vallontano, os acho muito corretos e honestos e todos bem feitos, mas o Merlot Reserva 2005 é simplesmente espetacular para os padrões brasileiros. Tem uma tipicidade que poucos países que produzem Merlot possui.

Após essa visita estou certo que a vocação do Brasil está nos espumantes, incluindo o semi seco Moscatel e a cepa Merlot e Chardonnay.
Muitas vinícolas estão testando cepas de origem italiana, como Ancellota e Teroldego, e também alguns franceses não muito comuns como Marselan. Vi algumas explorando a famosa Malbec e acho que pode ter sucesso, porém com características diferentes dos argentinos. Várias vinícolas principalmente na fronteira com o Uruguai, na Campanha estão plantando Tannat que pode dar bons frutos assim como várias cepas portuguesas.
Não podemos ainda comparar os tranqüilos vinhos brasileiros com as grandes potências tradicionais e nossos vizinhos, mas estou certo de que nossos espumantes são muito bem feitos e nossos enólogos são heróis. Para ter uma vinícola hoje no Brasil é preciso muito amor e dedicação a vinha por todas as dificuldades que passamos como o excesso de chuvas e solo fértil.
E o mundo do vinho continua fascinante por isso, a tradição das famílias que mantém o negócio e acreditam que se pode ser sim ser competitivo e criarem grandes vinhos, claro, de acordo com nosso terroir.
Parabéns aos nossos corajosos enólogos pela persistência, “teimosia” e pelo amor ao vinho!

Saúde!


OS MELHORES VINHOS DEGUSTADOS:



ESPUMANTES
CASA VALDUGA EXTRA BRUT 2002
CAVE GEISSE NATURE TERROIR 2006
CHANDON EXCELLENCE
DON GIOVANNI BRUT METODO TRADICIONAL
GARIBALDI MOSCATEL
VALMARINO BRUT METODO CHAMPENOISE

BRANCOS
CASA VALDUGA GRAN RESERVA CHARDONNAY

ROSÉ
CASA PERINI ROSÉ MERLOT / CABERNET FRANC

TINTOS
DON CANDIDO GRAN RESERVA CABERNET SAUVIGNON 2005
DON CANDIDO MARSELAN 4º GERAÇAO
DON LAURINDO MALBEC
DON LAURINDO TANNAT
MARCO LUIGI VARITAL MALBEC 2007
MILLANTINO ANCELLOTA
MIOLO TERROIR 2008
VALLONTANO RESERVA MERLOT 2005
VALMARINO CABERNET FRANC X 2005
VALMARINO RESERVA DA FAMÍLIA 2005

FORTIFICADOS
CASA VALDUGA LICOROSO TINTO DOCE